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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Duas Caras

Duas caras

Eis o final de mais uma novela com rotineiros comentários: Quem vai casar? O que vai acontecer com aquele personagem? E com aquela?

A novela que encerra no sábado recebeu um nome sugestivo: "Duas Caras". No início, um dos personagens deu um golpe financeiro e posteriormente fez uma cirurgia plástica, mudando um pouco os seus traços, assumindo uma "nova cara". Em termos gerais, com cirurgia ou sem cirurgia, todas as novelas poderiam ser chamadas de Duas Caras, principalmente a novela da vida real.

Dois lados, dois caminhos, duas caras, dois destinos! Afinal, falsidade e hipocrisia não faltam! A incoerência está em todos! Aliás, quem não é um pouco incoerente que atire a primeira pedra! A hipocrisia de quem tem duas caras é o oposto da palavra sinceridade.

Dizem que, na Roma antiga, comerciantes viajavam para vender vasos e outros utensílios. Quando esses vasos se quebravam, passava-se uma cera, espécie de argila, para ocultar a quebradura e enganar os compradores. Dizem que isso virou moda ao ponto de escultores, ao concluírem seus trabalhos, declaravam a originalidade da obra colocando um cartaz onde dizia: "sine cera", ou, sem cera, sem retoques.

É bem interessante o jeito que a palavra "sinceridade" é usada nos dias de hoje! Pois, quando alguém não é sincero ele cria uma nova cara, passando ceras de mentiras. 

Não é à toa que a sinceridade é uma das virtudes mais elogiadas! Gosto daquela frase que diz que é mais válido uma crítica sincera do que um elogio falso. Talvez todos gostem e concordem com a frase. Mas, então, por que bufamos tanto quando nos criticam? Ora, porque temos duas caras, porque somos incoerentes!

Em certo sentido não é heresia dizer que os cristãos, e que inclusive Deus, tem duas caras.

Deus tem duas caras porque ele é justo! A sua justiça faz com que ele condene! No entanto, mediante a obra de Cristo e através da fé das pessoas arrependidas, surge uma "nova cara", surge o semblante do Deus Salvador! O Senhor Deus apresenta "a cara" de condenação ao pecado, mas a insistente "cara" de misericórdia ao pecador.

Os cristãos igualmente possuem duas caras, afinal, a Bíblia diz que todos somos pecadores, todos somos falhos, sem exceções: "Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.23). No entanto, por meio do "sincero" arrependimento, por meio da fé, a graça de Deus repousa sobre nós, o sangue de Jesus cobre e limpa nossas imperfeições (1 Jo 1.7), o sangue de Jesus não tem simples efeito de uma cera que apenas oculta a imperfeição, porque pelo poder de Deus somos transformados, o velho e estragado já não existe, eis que tudo se faz novo. Quem está em Cristo é nova criatura (2 Co 5.17)!

Por tudo isso, também o cristão tem duas caras. Lutero usa uma frase em latin para definir. Ele diz que nós, cristãos, somos "simul iustos et peccator"; isto é, temos simultaneamente a cara de pecadores e de justos, pois a fé nos justifica mediante a obra de Jesus. É por isso que insistentemente falamos da necessidade do perdão em Cristo.

Com o perdão de Jesus, o final da novela de nossas vidas será feliz!  

Deixemos as surpresas para as novelas televisivas. Enfrentemos, em Cristo, as cenas de vida e morte com a certeza da salvação!

Rev. Ismar L. Pinz

Artigo escrito dia 29/05 para publicação de 30/05/2008 no

Jornal Folha de Candelária www.folhadecandelaria.com.br/paralelas 

Pastor Ismar L. Pinz – ismarpinz@yahoo.com.br

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Vida Útil e Impostos

VIDA ÚTIL E OS IMPOSTOS

Se já nasci condenado a trabalhar metade da minha "vida útil" para o governo, e se muita coisa do governo é "inútil", então preciso repensar se vale a pena ser útil. Ou quem sabe trabalhar só a metade, só a partir de 27 de maio. Afinal, os primeiros 148 dias de trabalho no ano são para pagar impostos. Mas, pensando bem, somos nós, os trabalhadores, que passamos a perna no governo. Isto porque entregamos para ele esta primeira parte do ano quando pouca coisa funciona. É o período das férias, do Carnaval, da estação quente que convida para a sombra e água fresca. Tomara que nunca descubram isto e nos obriguem a trabalhar para eles de junho a outubro.  

O assunto, que na verdade é sério, também está nas páginas da Bíblia. E de forma bem categórica: Paguem todos os seus impostos e respeitem e honrem todas as autoridades (Romanos 13.7).  Quem não conhece as célebres palavras de Jesus: Dêem a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mateus 22.21)?  Por outro lado, as Escrituras alertam: Quando o governo é justo, o país tem segurança; mas, quando o governo cobra impostos demais, a nação acaba na desgraça (Provérbios 29.4).  Outras versões no português usam a palavra "transtorno" no lugar de "desgraça". Pensando nisto, o maior transtorno, a terrível desgraça que um governo impõe aos seus cidadãos com elevados impostos, nem é a carga tributária, mas o peso na consciência dos contribuintes. Quantas pessoas honestas e sobrecarregadas na tênue linha entre a sobrevivência  e a voracidade do leão verde-amarelo? Tenho sido testemunha deste tormento no aconselhamento pastoral.

O apóstolo Paulo recomenda: Vivam de acordo com o evangelho de Cristo (Filipenses 1.27). "Vivam" no original grego é politeuesthe. A tradução adequada seria: Sejam politicamente corretos neste mundo de acordo com o evangelho de Cristo.  Na mesma carta, Paulo lembra que o cristão é um politeuma, um "cidadão dos céus" (Filipenses 3.20).  Este termo era usado com referência ao cidadão romano, que usufruía de todos os direitos e deveres políticos. Escravos, judeus, estrangeiros não tinham tal privilégio. Paulo, além de judeu, carregava o título de polites romano, assim como muitos cristãos não-judeus. Ao escrever: "Nós somos cidadãos dos céus e estamos esperando ansiosamente o nosso Salvador", ele recorre ao significado deste status político para dizer: temos direitos e deveres para com o nosso Senhor Jesus. No entanto, lembra que o cidadão dos céus tem um Senhor justo e bondoso que "abriu mão de tudo o que era seu" (Filipenses 2.7) e que veio para servir o povo. Por isto o testemunho: "O meu grande desejo e a minha esperança são de nunca falhar no meu dever (...) Pois para mim viver é Cristo (...) Se continuar vivendo, poderei ainda fazer algum trabalho útil (...) Agora, o mais importante é que vocês vivam - politeuesthe - de acordo com o Evangelho de Cristo (...) Pois Deus tem dado a vocês o privilégio de servir a Cristo".

Pois bem, se já nasci condenado a trabalhar metade da minha "vida útil" para os tributos dos homens, então porque não seguir a recomendação: Seja filho de Deus vivendo sem nenhuma culpa no meio de pessoas más, isto mostrará que todo esforço e trabalho não foram inúteis (Filipenses 2.15,16).

Marcos Schmidt                                              
marsch@terra.com.br
pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Comunidade São Paulo
Novo Hamburgo, RS
29 de maio de 2008